Sunday, September 17, 2006

Travessia

Há dor que não se pode evitar
e, quando ela aparece, o tempo finge
se esquecer do movimento libertador que
justifica uma hora depois da outra.


Há sombras tão imortais
quanto um romance do Dostoiévski,
que perturba, incessante,
esperando o fim da digestão dos pensamentos.

Despir o instante.

Há histórias enfermas,
histórias como um deslize hipnótico,
sempre abandonadas, isoladas,
incapazes de atravessar o passado.

Há culpas despropositadas,
envenenadas por vaidade e desespero,
e que se confundem com o resquício
de um futuro incerto.

Violar o medo.

Há surpresas que não terminam,
que irradiam a infinita possibilidade
de escapar da existência bruta e
perseguir a consciência de tranformação.

Há remorsos mais rancorosos
do que a vítima de uma decepção,
que consomem o pó do cotidiano
para se fortalecer e humilhar.

Inverter a pertinência.

Não importam as intenções.
Há chuva caindo,
há crianças nascendo,
há velórios e enterros,
há frio e há fome,
há gozo,
há verdades e mentiras,
há facas e agulhas,
há rosas e orquídeas,
há lágrimas.

O recheio da liberdade
é a escolha da sabedoria.

5 Comments:

Anonymous Anonymous said...

clap clap! linda.

Sunday, September 17, 2006  
Anonymous Anonymous said...

Sem comentários. Não fazia idéia que eu tinha uma amiga com esse dote de poesia. estou realmente impressionado.

Tudo pronto pro sábado?? Espero que sim. Esgano vcs se ninguém aparecer!

mtas saudades

bjaum

Michel

Sunday, September 17, 2006  
Anonymous Anonymous said...

q orgulho dessa minha amiga escritora!! a cada dia vc c supera, Dani!! já ñ tenho tanto tempo livre, eu passo por aqui sempre q possível, apesar d ñ deixar recado... adoro ler as coisas q vc escreve!! amo mto vc!! bjão

Sunday, September 17, 2006  
Anonymous Anonymous said...

João 17:17
2 Coríntios 3:17
Gálatas 5:1

;)

Thursday, September 21, 2006  
Blogger paulotpires said...

Gostei muito...

Saturday, September 23, 2006  

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