Sunday, August 13, 2006

Culpada

Tanta culpa maculada,
nesse ardor de alma inconsolável
que se atira na dor
de trair a si mesma.

Tanta culpa muda,
nesse desejo torturado
que não se apaga, não desiste,
nunca aceita a habilidade de ator.

Tanta culpa que me engole,
tira o pedaço de paz
que me assegura o sobreviver
nesses dias sem razão.

Tanta culpa solitária,
inundada do sangue do sacrifício
do amor de eternidade
que não pede nada além
de poder ser amor.

Tanta culpa fragilizada
pela saudade infinita
que aterroriza o tempo
durante as distâncias e as ausências.

Tanta culpa irreparável
nessa agonia por saber demais,
nesse tormento por ser livre
aquilo que é belo e verdadeiro.

Tanta culpa.
Ajoelho-me implorando perdão.
Confesso-me amante inveterada.
Ignoro-me por causa do medo.
Desafio-me embora não possa caminhar.
Entrego-me.

Tanta culpa,
pelo amor estragado,
pela paixão insatisfeita.

Culpo-me ainda e sempre
por querer o que é posse e ilusão.
Mas é renúncia purificada
e é justa
e real.

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