Uma cena sem título
Um cálice da minha vontade. Enquanto estive em desassossego, mergulhada na dúvida do possível, não precisei de nada. Horas eternas eram minutos suaves enfeitados com a purpurina da esperança. Olhei o passado. Pedi ajuda. Ali eu havia chegado, finalmente.
Caos, desespero. Afoguei-me no impulso de encontrar um sinal. Entrecortando as cenas, procurava o viés da sua face, que me traria a sabedoria. Por um instante, ultrapassei a barreira espinhosa da razão e, em prece, explodi a força de que precisava para tornar reais meus pecados.
A saudade mordia meus poros, mastigava toda noção de limite e engolia a seco o medo de abraçar a sua ausência. Decidi libertar os pudores. Corri no funil de uma ampulheta atrás de qualquer pedaço de você. A cada passo trêmulo, a cada rosto estranho estampado na fumaça do desconhecido, gritava a raiva de uma nova decepção. De costas, ereto como arbusto seco na umidade da floresta, eu enxerguei seu desenho.
Tudo o que eu queria estava a poucos passos do meu domínio. Trancafiei meu sorriso e fundi minha aflição com a surpresa radiante do seu corpo cristalizado, cheio de paixão contida e de desejo covarde. Respirei o prazer da sua companhia. Recordei-me do jogo, escolhi das cartas o curinga. Pareceu-me que haveria trégua. E num descuido ingênuo, vi sua displicência tentando mergulhar em outra boca. Fugi.
Outro final. Outra safra de verdades ácidas. Outra nuvem de desprezo cobrindo o brilho de qualquer estrela. Rodopiei no vazio solitário em que a superioridade me confortava. Trombei com sonhos e contos de fada costurados em linha pura de romances de algodão. Fiz sangrar meus joelhos em grãos metálicos sobre o chão da realidade que não me interessava. Adormeci.
Caos, desespero. Afoguei-me no impulso de encontrar um sinal. Entrecortando as cenas, procurava o viés da sua face, que me traria a sabedoria. Por um instante, ultrapassei a barreira espinhosa da razão e, em prece, explodi a força de que precisava para tornar reais meus pecados.
A saudade mordia meus poros, mastigava toda noção de limite e engolia a seco o medo de abraçar a sua ausência. Decidi libertar os pudores. Corri no funil de uma ampulheta atrás de qualquer pedaço de você. A cada passo trêmulo, a cada rosto estranho estampado na fumaça do desconhecido, gritava a raiva de uma nova decepção. De costas, ereto como arbusto seco na umidade da floresta, eu enxerguei seu desenho.
Tudo o que eu queria estava a poucos passos do meu domínio. Trancafiei meu sorriso e fundi minha aflição com a surpresa radiante do seu corpo cristalizado, cheio de paixão contida e de desejo covarde. Respirei o prazer da sua companhia. Recordei-me do jogo, escolhi das cartas o curinga. Pareceu-me que haveria trégua. E num descuido ingênuo, vi sua displicência tentando mergulhar em outra boca. Fugi.
Outro final. Outra safra de verdades ácidas. Outra nuvem de desprezo cobrindo o brilho de qualquer estrela. Rodopiei no vazio solitário em que a superioridade me confortava. Trombei com sonhos e contos de fada costurados em linha pura de romances de algodão. Fiz sangrar meus joelhos em grãos metálicos sobre o chão da realidade que não me interessava. Adormeci.
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