Monday, April 03, 2006

Enquanto assoviava o pássaro negro

A nuvem clareou a visão. Peguei os restos das desconfianças e juntei tudo em uma indagação: pra quê? Há anos me esforço para colocar um tijolinho depois do outro na construção dos meus sorrisos. Descubro os mapas da verdade e sigo os caminhos onde ela deixou os mais notáveis feitos. Nunca soube entregar qualquer parte de meus bens mais preciosos sem que meu coração prescrevesse autorização ratificada. Tropecei em algumas ilusões. Percebi que de vez em quando preciso de óculos, não consigo enxergar tão longe sozinha. A energia das minhas mãos está mais poderosa, a energia dos meus pensamentos está mais lúcida e a energia do meu coração a cada dia fica mais abrangente. Minha energia amadureceu, sobrevive agora às mais cruéis maldições dos inimigos, às inseguranças mais desafiadoras e aos revezes mais surpreendentes. Alcancei isso perseguindo o ideal de me manter longe da mediocridade. O belo não se aproxima jamais do medíocre. Hoje compreendo que, mesmo que doa e seja arriscado, vale a pena comunicar o máximo de informações a meu respeito para as pessoas que me são valiosas, porque dessa forma elas facilmente se dão conta do meu estado humano, imperfeito e potencialmente divino. Faz bem confiar na pureza e na honestidade das essências amorosas que constituem nossa personalidade fluidica.

Há momentos cabisbaixos que corroem a música das minhas idéias. Aceitar a lama que insiste em se fazer presente na realidade exige que eu não pare de colocar combustível na máquina de acreditar na justiça da vida. Já fui testada além dos limites imagináveis. Já tive que aprender a respeitar minha sabedoria com as lágrimas mais desesperadas e doloridas que o corpo é capaz de produzir. Já fui tratada sem pudores por quem carregava nas mãos os presentes mais carinhosos que ofereci. Já pedi perdão consciente de que a minha derrota fora apenas uma boa intenção malograda. Já perdi riquezas insubstituíveis.

Nada me consola. Não suporto emplastos. Odeio venenos adocicados com ingredientes da vaidade. Foco meu coração na claridade que meu amor irradia e equilibro meus pensamentos com a ingenuidade dos anjos.

Minha pele deixa à mostra veias transportando oxigênio para todas as células do meu organismo com a única finalidade de me permitir viver. O tempo do coração não admite pausas. Preciso respirar honrando meus olhos abertos.

Não estou sozinha. Desenhei escolhas e alianças. Sei perfeitamente o que quero e o que proporciono a cada uma dessas companhias. Preciso sempre elucidar minha gratidão e manter a vista atenta para avaliar quantos passos ainda devemos dar com os braços entrelaçados.

Só o acaso é injustificável, e esta é a maior infelicidade dos sonhadores mais devotos e românticos. Se há que existir um alicerce para as atitudes, que seja ele o resultado recorrente das infinitas equações formuladas pelo desejo de evoluir.

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