Friday, May 12, 2006

Pedaços de uma desiludida em reflexão

Outro dia descobri que estava enganada. Enganei-me sobre zilhões de certezas. Parei, fiquei em silêncio, estacionei o olhar. Nada me vinha à mente. Senti um caco de vidro furar o saco cheio de angústia que tinha dentro mim. Naquele momento estava completa de um tudo simplesmente vazio. Ou incompreendido?

Não chegou a doer. Qualquer sensação desagradável seria incapaz de comunicar a pressão que eu sentia martelar meu corpo inteiro. A derrota para um adversário pode ser vantajosa. Porém a ambigüidade de vencer e perder pra si mesmo detona uma bomba, erradica aquela idiotice saudável.

Fiquei séria. Eu estava imóvel. De repente, meu choro explodiu firme, poderoso, cruel. Ah! A pele arrancada teria me deixado menos dolorida e ardente. Passaram-se alguns minutos, algumas horas, e eu sorri. O sorriso mais leve que já pude esticar na minha boca.

Parecia-me que não tinha com quem mais discutir. Não adiantava argumentar, questionar, dizer que o tempo vai esclarecer. Não havia certeza alguma, só existiu a suavidade do relógio estraçalhado, os papéis queimados, os projetos esquecidos, as fronteiras invadidas e a segurança da bússola desacreditada.

Surgiu uma dúvida estampada com letras enormes no espaço antes ocupado pelos meus pensamentos. PRA QUE SERVE TUDO ISSO? Tudo isso o quê? Esse gasto de energia em desdobrar mil e uma vontades, em batalhar e realizar idéias mortas, essa ânsia ininterrupta para atingir a velocidade da luz, sem saber brilhar.

Lembrei-me de quando era criança e demorava longos minutos para desembrulhar meus presentes, cuidava para que nada se estragasse. Não queria riscar a beleza do carinho que me tinham dado. Abrir o pacote e descobrir que ganhei algo melhor do que imaginava. Delicioso. Era hora de brincar com aquilo.

Pra que serve tudo isso? Não sei responder. Até porque não preciso mais de respostas. Eu nasci para celebrar.

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