Friday, May 12, 2006

Eu já vou embora. Só preciso de mais um gole.

Eu disse isso umas semanas atrás. Jurei pra mim mesma que estava no comando. Tinha certeza do contrário, mas convencer a si mesmo é sempre mais excitante. Continuei procurando pelo fim. Incessantemente. E nada acontecia. Eu sentia e queria sentir mais, ainda mais, queria ultrapassar aquela outra noite, queria perder o controle. E nada.

Tudo contribuiu para que eu quebrasse a minha promessa. Seu olhar chegou antes de você e já me avisou: “Vai acontecer”. Adianta negar? Dizer que eu não pretendia é pior. Foi interessante a forma como enganamos a nós mesmos. Conversamos. Fingimos como antigamente. Tocamos os nossos pontos máximos. Trouxemos de volta as pessoas que se conheciam.

E você não resistiu. Essa é a melhor parte. Você ter perdido o controle antes de mim, ou seja, eu ter controlado a sua vontade primeiro; isso não tem preço. Afundamos no momento presente, trancamos a porta do tempo e decidimos que ali estava bom. Mas eu não joguei fora o cadeado e você pediu a chave.

Até o céu teve medo de testemunhar os nossos impulsos e nos roubou as estrelas. Mas e daí? Elas já nos pertencem. Ri. Ri muito e de todas as formas. Ri de dor, de alegria, de medo e desespero; ri de vontade, ri de mentira, ri de êxtase e de saudade. Segui seus passos até em casa e o pus pra dormir. Seus olhos fechados me contaram o que eu precisava sentir. E me fizeram querer mais. Novamente, mais.

Eu havia me reencontrado e provado serem verdadeiras as minhas mais impossíveis imaginações. Talvez seja tudo uma brincadeira. Talvez isso seja apenas uma lembrança do que esquecemos. Disseram-me que a vida tatua em nossa alma cada experiência, e que cada pessoa derrama em nós um pouco da sua essência. É nisso que eu confio. No perfume que eu derramei na gente. E que você também.

Conformada? Você sabe que não. E isso o assusta. Não tente disfarçar. Eu sei mais da sua vida do que você. Eu sou parte do seu futuro, pode aproveitar o seu agora. Ele não me interessa. Eu deixo pra ela. Parecida comigo, não? Obrigada. Mas não suporto comparações, odeio pior ou melhor, sou adepta do diferente. É mais saudável. Afinal, eu sou única, e a única que pode o surpreender de repente. Ainda não é hora.

Quer saber quem é ele? Ou melhor, quem é você? Ou ele? Desculpe-me, isso é necessário. Um dia eu conto a verdade. Só mais um gole. Foram tantos e eles nem conseguiram me fazer fugir. Você se lembra. E isso basta. Sabe por quê? Porque eu já estou aí dentro. Não importa o lugar ou quando. Eu já estou misturada a você. Não estou falando de pele. Deixo isso pra ela por enquanto. Falo de tudo, de vida, de espírito e sentimento. Eu estou em você.

Um pedido. Nunca se abandone. Você é muito para continuar fingindo. Seja de verdade, de carne, osso, pensamento e coração. Não toque a mediocridade. Não se importe com as dores, elas são suas amigas. Confie. Não olhe para trás. Minta para os seus medos. Aproveite as estrelas, elas podem ficar distantes um dia. E então faremos um filme.

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