Sunday, November 19, 2006

Chão de algodão-doce

As escadas de concreto
não me parecem levar
a um iluminado destino.
Prefiro
degraus de algodão-doce,
elevador com botão
para o infinito
ou uma ladeira
de flores.

Dizem que não há escolha.
Crêem que a saída
é pagar impostos
de boca calada.
A poluição
já afetou
o discernimento.

Digo não
às agulhas do sistema.
Não. Não. Não.
Nãos que terminam em par,
em positivo.
A única chance
para o sucesso.

Marco o ponto
no único emprego
que me produz
algum sentido:
o trabalho
reflexivo.

Escadas de concreto
guiam até o último andar.
Eu quero desandar.
Quero caminhar.
Quero subir sem limite.
Não quero pisar em concreto,
quero realizar.

Cimento na palavra,
na voz, na idéia.
Cimento no sonho
estraga a vida.
Estraga a morte.
Estraga a passagem
e a trajetória.
Estraga.

Quero desandar.
Descobrir os além-limites.
Quero pisar em algodão-doce
e desafiar o perigo
de ele ser leve demais.

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