Friday, December 01, 2006

Flor de Amor

O bordado soltou o fio. Desmanchou. Do jeito que agora eu sou estranha a você e suas vontades são estranhas a mim. Correspondente de um fato-que-se-quis-e-não-se-deu. Amigos apaixonados. Brincadeira de roda com cantiga de realidade. Efeito sonoro de estalos de beijos pela metade. Pela metade. Um déja vu de um quadro de Picasso. Inércia na tensão. Quebra do movimento da intenção. Pecado puro. Uma letra depois da outra, intactas, vermelhas com amargo de café. Um cigarro fraco.

Dentro da quilometragem que distancia o tempo e aproxima o momento de encontrar a saudade nua. Longe do peito e perto do coração. Folha de hortelã sem sabor. Ausência.

Perguntas que escapam à coragem. Coragem que duvida. E mata. Machuca e sofre pedindo um trago de mansidão. O telespectador se esqueceu de que está com o controle-remoto na mão. Uma televisão ligada e sem imagem. Desencontro previsível e inaceitável. Como um purgante.

Devassidão tímida. Juízo. Astúcia imatura da razão. Vida longa ao que poderia-ser-mais. Enterrado, à espera de uma tempestade que o remexa e faça brotar. Florescer.

Fazer nascer flor de amor. Só.

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