Thursday, January 11, 2007

Paralelas precisam ir para a análise

Um tom lilás que vai escurecendo aos poucos. Uma luz que precisa se mesclar às sombras para aparecer. Porque sempre sobra vontade de parar e desistir, como saquinhos de chá para pôr na água. Continuo preferindo o café, por causa disso. A praia que não tem ondas desperta um silêncio incômodo, revela o desnecessário da pressa, a pausa para a maturidade próxima. Os prédios não têm mais de dez andares, não são pretensiosos nem querem ser altos como o céu. A imagem se choca com a altura dos narizes. Os cabelos repicados até o ponto de não pedirem pente ou escova, porque a preguiça embeleza, eles pensam. As memórias surpreendem. As memórias se esculpem no humor de um jeito que escalpela. Minhas memórias têm voz firme. Outra vez não existirá para que a conversa dure a viagem toda, a música faça arrepiar e a gente descubra que está em companhia inseparável. Como é bom não estar sozinho. Confirmar que as lembranças se compartilham e permanecem. As pombas são domesticadas, não fogem das crianças, não negam as fotos. A praça pede pra correria parar. Transformar o quê, meu Deus? Como? Uma maneira deve haver de se espalhar purpurina, serpentina, bolhas de sabão. Insisto nas bolhas de sabão. Insisto ineditamente em não aceitar o que não me faz bem. Não funciona eu amar fingindo indiferença. Isso desrespeita o prazer. Ele está longe mas não cessa as visitas a esse coração disforme, intempestivo, delicado como peça de museu. Colocar linha em agulha. Tem que fazer com cuidado, com atenção, uma linha só. Bach me disse que longe é um lugar que não existe. Pergunto-me em que raios de proximidade ele estava metido, pra não enxergar essa distância que dói. Ver o longe tão perto, dentro do inexpurgável, inalienável, fazendo tanta diferença para essa vida de rabiscos... Letras soltas não me satisfazem mais, entende? Chegou a hora de fazer palavra, colocar tijolinho de palavra sobre tijolinho de palavra e criar no mínimo um relacionamento que ame. O sentido. A falta que faz o sentido. A cooperação para dar certo. Retas que se buscam. Paralelas precisam ir para a análise e aprender.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

DAANITTAAAAA POR DÓNDE CAMINAS CHICA HERMOSA??????????????????????? QUANDO VOLTAR É BALADA NO ID IMMEDIATELY!!!!!

BEIJOEEEEEEEEEES

Sunday, January 14, 2007  

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