Thursday, January 18, 2007

Mais cheia de graça

Pão e Circo

Albert



Wednesday, January 17, 2007

Catalunya

La gente! La gente, multicolorida, cheia de faces, montes de olhos, narizes e afins. Gente que fala estranho e pinta o cabelo de verde fosforecente. Vale! Vale! Me dá igual! Essa gente que se esconde mostrando a cara no Bairro Gótico, imitando estátua, vendendo floretas ou só cantando e tocando um pouco de vida pra quem passa. Beber água da fonte pra voltar pra Barcelona, colocar a mão na tartaruga e fazer um pedido. Barcino, o latim. Daqui eu vejo a Sagrada Família que me berra "Sai de casa, vai respirar Gaudí, Miró". O mundo quer se sentar no Pac Guell e tirar foto, foto tomando cafézinho é mais chique. Eu gosto do Gaudí porque ele literalmente pegou os estilhaços esquecidos por aí e fez arte e, além disso, o Gaudí é o oposto do cartesiano; ele é onda, o parque dele é um labirinto de ondas, bem no alto, pra não se manchar com a racionalidade lá de baixo. O lugar dos ricos é o Tibidabo. Aqui da cidade se avista um castelo que brilha lá longe, em um pico que não facilita pra quem quer alcançá-lo. Mas lá existem as casas - as torres - lindas, como as que eu dia quero ter, existe um museu da ciência onde o Einstein vive e é secreto. As Ramblas. Na verdade há mais de um lugar com esse nome, mas a famosa, a "oficial", fica perto da Praça Catalunya. O que me encantam são os plátanos, as árvores que enfeitam a cidade, como em Paris. No inverno, nada há de mais inspirador do que caminhar observando o cair das folhas secas dos plátanos. A baleia da praia de Barceloneta, a escultura que parece um prédio desabando, o prédio moderno que é um perfeito pênis ereto. O que será que preenche essas mentes espanholas?

Um texto que não tem fim, esse da Catalunha. Terminará junto com as obras da Sagrada Família.


ps: Aqui, quando querem dizer "nunca", dizem "cuando quedarse lista la Sagrada Família", porque Barcelona recebe muito dinheiro da Espanha por causa dessas obras, entonces...

Tuesday, January 16, 2007

Molecagem

Volta.
Eu perdôo tua solidão.
Quero-te de novo
a me contar histórias
do trabalho.

Volta agora.
Empresta-me
um bocado
do teu mundo
e da tua boca,
pra eu acalmar
minh'alma.

Volta pelo teu atalho.
Volta sem pagar pedágio
que eu deixo.

Volta, porque
tua solidão
é minha e
sabes bem.

Volta pra me fazer
um suco de tamarindo
e refrescar os percalços.

Volta pra me cantarolar
Chico no pé do ouvido,
que eu perdôo.

Tua vida segue
e volta sempre
pro meu abraço.

Deixa então
de molecagem
e volta.
Logo.

Abscesso

Pressão que esmaga
antes de eu
me dar conta.

Decompõe o humor,
a disposição.
Uma bolha
de pus na alma.
Doença.

Io-io
que não
se desprende.
Fantasma
que só aparece
pra mim.
Um cemitério todo
respirando
em mim.

Angústia.
Medo
desses abscessos
que urram
cheios de dor.

Drenagem.
Uma depressão
que se repete.

Sunday, January 14, 2007

Sem Título 55

( O poema é do Barella, mas é simplesmente tudo o que eu mais queria dizer hoje)

Vem me buscar. Estou perdido. Não sei o lugar. Desespero contido. Só pensei em você ao telefonar. Cansei de esperar. Vem logo me buscar. Estou sozinho e não reconheço ninguém...

Saturday, January 13, 2007

Gotas

Um filme de André Felipe de Medeiros:

Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=IOkiPQ_vZD0

Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=nzhoTQWONo8

Mercado de estômagos

A confiança era insuperável, indestrutível como herói de desenho animado. Vieram os pormenores, o ego olhou-se no espelho e as vantagens da traição saltaram aos olhos. O bocado de insegurança que empurra o humano a se defender, nem que seja para arranhar quem está ao lado. Um mercado de tripas, estômagos, línguas que babam a ansiedade de ser superior. Parasitas. Abelhas podres manufaturando a decepção alheia. Analisam suas excreções para descobrirem seu ponto fraco. Sim, o serviço é sujo. Fétido e assassino. Crime perfeito não existe, entretanto. Então eu venço. Você cai de bunda no chão, se estatela com sua esperteza e eu caminho em paz.

Friday, January 12, 2007

A quoi ça sert l'amour ?

Thursday, January 11, 2007

Alcalá de Henares - cidade do Cervantes

Eu e o Sancho estávamos aburridos.

De Cristal

Free Hugs

Forma de oração

Coisa linda

Arte

Kardec

"Nascer, morrer, renascer, de novo, progredir sempre, essa é a lei."

Chopin

Ela

Gárgula

Paralelas precisam ir para a análise

Um tom lilás que vai escurecendo aos poucos. Uma luz que precisa se mesclar às sombras para aparecer. Porque sempre sobra vontade de parar e desistir, como saquinhos de chá para pôr na água. Continuo preferindo o café, por causa disso. A praia que não tem ondas desperta um silêncio incômodo, revela o desnecessário da pressa, a pausa para a maturidade próxima. Os prédios não têm mais de dez andares, não são pretensiosos nem querem ser altos como o céu. A imagem se choca com a altura dos narizes. Os cabelos repicados até o ponto de não pedirem pente ou escova, porque a preguiça embeleza, eles pensam. As memórias surpreendem. As memórias se esculpem no humor de um jeito que escalpela. Minhas memórias têm voz firme. Outra vez não existirá para que a conversa dure a viagem toda, a música faça arrepiar e a gente descubra que está em companhia inseparável. Como é bom não estar sozinho. Confirmar que as lembranças se compartilham e permanecem. As pombas são domesticadas, não fogem das crianças, não negam as fotos. A praça pede pra correria parar. Transformar o quê, meu Deus? Como? Uma maneira deve haver de se espalhar purpurina, serpentina, bolhas de sabão. Insisto nas bolhas de sabão. Insisto ineditamente em não aceitar o que não me faz bem. Não funciona eu amar fingindo indiferença. Isso desrespeita o prazer. Ele está longe mas não cessa as visitas a esse coração disforme, intempestivo, delicado como peça de museu. Colocar linha em agulha. Tem que fazer com cuidado, com atenção, uma linha só. Bach me disse que longe é um lugar que não existe. Pergunto-me em que raios de proximidade ele estava metido, pra não enxergar essa distância que dói. Ver o longe tão perto, dentro do inexpurgável, inalienável, fazendo tanta diferença para essa vida de rabiscos... Letras soltas não me satisfazem mais, entende? Chegou a hora de fazer palavra, colocar tijolinho de palavra sobre tijolinho de palavra e criar no mínimo um relacionamento que ame. O sentido. A falta que faz o sentido. A cooperação para dar certo. Retas que se buscam. Paralelas precisam ir para a análise e aprender.